Black Gold (Ethiopia)
Marc Francis e Nick Francis
Quinta-feira, dia 4 de Março, 22h
África – Ciclo de Documentários
Gato Vadio
Entrada Livre
A Etiópia é um dos mais antigos países do mundo. Considerando que a maioria dos Estados africanos têm muito menos de um século de idade, a Etiópia foi continuamente um país independente desde tempos remotos. Quando o continente africano foi dividido entre as potências europeias na Conferência de Berlim, realizada em 1884/1885 e na sequência de uma proposta feita por essa raça pequeno-fedorenta do Reinado português, a Etiópia foi um dos dois únicos países que mantiveram sua independência.
Recentemente, investigadores provaram que a Etiópia é um dos sítios onde há mais tempo existiu vida humana e dois artigos científicos chegam mesmo a aventar a hipótese de o território etíope ter sido o berço do homo sapiens. (ver Ethiopia is top choice for cradle of Homo Sapiens, Nature, 16 de Fevereiro de 2005; e "Worldwide Human Relationships Inferred from Genome-Wide Patterns of Variation", Science, Fevereiro de 2008).
Milhares e milhares de anos depois, o homo sapiens desenvolveu uma estirpe mais desenvolta, mais expansiva, o homem branco. O homem branco, que se especializou na ideologia branca e que racionalizou a pilhagem, a vilania, a mentira, a tortura e a submissão, impôs-se ao longo de séculos de Ceuta ao Mar Vermelho, da Libéria à Beira, de Lomé a Madagáscar, a ponto de homens pretos, vermelhos e amarelos, terem aprendido a sua cultura expansiva e desenvolta para se especializarem também nas suas funções de poder e imporem à força de chicote, à sirga da fome ou a expendas da refinação de petróleo, o seu império de atrocidades.
Aproximadamente 80% da população etíope sobrevive da agricultura, espinha dorsal da economia. As exportações principais são o café e uma planta conhecida por qat, que possui propriedades psicotrópicas quando mascada. As condições naturais são favoráveis à agricultura, mas as técnicas agrícolas são arcaicas e, portanto, a produção limita-se ao nível da subsistência. Por outras palavras, as condições foram e são favoráveis à exploração exercida por uma oligarquia, estrangeira ou autóctone (ou em concubinato, como é hoje apanágio do mundo CNN-ONU-EU) e o limiar de sobrevivência da maioria da população é assegurada apenas pela necessidade de manter a estabilidade da exploração e do esbulho.
Metade da população sofre de subnutrição crónica. Mas o progresso é isto, uma década atrás essa percentagem era de 51% e é graças ao império das empresas de café (Nestlé, StarBucks…) e aos corretores de Nova Iorque (puros-genoma da estirpe branca do Homo Sapiens) que decidem o preço do café a 10 mil km de distância dos etíopes que vergam a mola nas plantações, que 1 % dos etíopes podem hoje agradecer a notória evolução estatística.
Filmado em 2006, o documentário Black Gold retrata a política de roubo e o florescente negócio de café para 4 ou 5 ganipanços enquanto à volta se produz a miséria de sempre. Aquilo a que a Wikipedia chama de international coffee trade.
Apesar das cinco grandes firmas que mercantilizam o café serem várias vezes citadas ao longo do documentário, todas sem excepção (Starbucks, Sara Lee, Procter & Gamble, Kraft e Nestlé) recusaram os convites para serem entrevistadas.
Black Gold (Ethiopia)
Marc Francis e Nick Francis
2006
77min.