Queridas vadias e vadios,

O FMI acaba de conceder, por pura generosidade, um empréstimo ao Gato Vadio no valor de 4 cadeiras novas made in China, um saco de pipocas (por fritar…), e uma viagem a todos os vadios à sua sede em Washington D.C…FMI Não há truque que não lucre ao FMI/
FMI O heróico paranóico hara-kiri/FMI Panegírico, pro-lírico daqui”…

Life and Debt

Stephanie Black (Documentário/2003)
Quinta-feira, dia 15 de Julho, 22 h

Ciclo de Documentários sobre a América Latina

Gato Vadio

Entrada Livre

Survival

Em 1962 a Jamaica conquistou a sua independência do império britânico e a ilha-nação, que muito lutou contra a pobreza, tentou usar os seus inúmeros e importantes recursos agrícolas com o intuito de criar uma sólida base económica.
Enquanto os problemas financeiros cresciam, o primeiro-ministro Michael Manley assinou um acordo em 1977 com um consórcio de instituições económicas através do FMI, que daria um empréstimo monetário em troca da eliminação das restrições comerciais e exportações subsidiadas.
25 anos depois, a maioria dos jamaicanos concorda que este acordo acabou por arruinar a economia agrícola e industrial. As importações desfizeram a indústria diária e a interferência entre produtores e comerciantes dos EUA, da União Europeia e de outros países da América Latina, destruíram a produção e o cultivo da cebola, da banana, cenoura e batata, afundando o valor do dólar jamaicano. Resultado final: a ilha detém uma divida de 7 mil milhões ao FMI, com juros que sobem a cada dia.





Entre a economia real (pobreza, desesperança, criminalidade) e os protagonistas que detêm o poder decisório de manobrar a verdade da economia, existe uma distância sonegada. Os direitos de voto dentro do FMI são aproximadamente proporcionais às contribuições pagas pelas nações. A ruptura torna-se clara quando aos cidadãos do país devedor é suspensa a participação nas decisões que realmente afectam as suas vidas.
O FMI promove uma agenda de austeridade monetária, desvalorização monetária, e baixa dos salários. O objectivo é reduzir a inflação, equilibrando os reembolsos dos empréstimos nacionais e equilibrando as importações com as suas receitas de exportação. O resultado é normalmente uma recessão. O Banco Mundial tem uma perspectiva mais a longo prazo. Destina-se ao ajustamento estrutural, o que significa, uma tentativa de transformar a economia da nação devedora numa economia de mercado livre.
Sumariamente, ambas as instituições instigam à desregulamentação do mercado e à crise económica, por vezes acompanhada de novos empréstimos do Banco Mundial e de credores privados. As relações públicas tratam do discurso para a Tv: as políticas propostas visam beneficiar as economias do Terceiro Mundo, integrando-os no mercado global. O que realmente acontece é que as pessoas do Terceiro Mundo acabam por sofrer as consequências desta estratégia iníqua, enquanto os bancos comerciais no hemisfério Norte recolhem enormes quantias em juros. Na Jamaica, apenas 5% do total do dinheiro emprestado desde 1977 permaneceu no interior do país!

Por detrás da estonteante paisagem jamaicana, propagandeada pela cultura do turismo nos países ricos que prometem dias no paraíso sem interrupção, esconde-se uma realidade de luta pela sobrevivência.
Por detrás do resort, do santuário temporário comprado a crédito, confinado ao consumidor de países a saque, ocultam-se os parâmetros de miséria de vida do dia-a-dia do jamaicano.
A realizadora jamaicana Stephanie Black propõe-nos neste documentário, galardoado com 8 prémios, uma tapeçaria de sequências que focam histórias do dia-a-dia, vidas determinadas pelas agendas económicas dos EUA e da União Europeia e pela complexidade dos empréstimos internacionais.

O documentário venceu 8 prémios internacionais.


Life and Debt

Stephanie Black

2001
tempo: 80 min