Miguel Serras Pereira | Sáb. 15 Out. 17h

Conversa em torno de À tona do vazio & reprise, de Miguel Serras Pereira, seguida de outras conversas com o ensaísta e o tradutor.

No próximo dia 15 de Outubro, Miguel Serras Pereira vem visitar-nos.

O Miguel que vem ao Gato é o poeta. Mas não vem sozinho. Perguntámos-lhe se poderia vir acompanhado do ensaísta e do tradutor. No Gato, a língua dos poetas expõe-se a outras escritas. É uma prática da casa, insubmissa talvez a uma certa compartimentação que arruma as expressões. Sabemos que a língua poética necessita do seu espaço de distanciação, de reinvenção, de regresso. Mas uma vez édita, gostamos de a pôr em convívio comoutras práticas da escrita, e o Miguel tem vindo a percorrer muitas delas.

Ainda assim, é o poeta que começará por nos despertar o ouvido: o poeta e os seus cinquenta anos de oficina, agora percorridos à tona deste vazio. Esta posição primacial merece que nos detenhamos nela, que a partilhemos, lendo-a na sua linha de flutuação. Há aqui tantas coisas que não podem ser ditas fora da linha da poesia. Há, contudo, pensamento que, vindo da orla imprecisa da poesia, vem a dar outra coisa e outros géneros, designação que habitualmente emprestamos aos desencontrados sexos da escrita.

Prosseguiremos com diálogos que atravessarão igualmente os seus ensaios e as suas traduções. Será esta, pelo tempo e pela geografia, uma biblioteca demasiado extensa para ser percorrida no escasso tempo desta sessão? Certamente que sim. Que não nos falte, contudo, o tempo das leituras: folheando este volume, logo encontramos nomes que convidam a esse começo inteiro das nossas acções:

«Deixa-me atravessar a seara calcinada / e procurar no rasto dos lobos e dos loucos / as lágrimas e as armas impossíveis / da primeira cidade libertada.»

(«Homenagem a George Orwell»)

 

Miguel Serras Pereira é tradutor, ensaísta e poeta. Licenciado em História, participou activamente na vida associativa enquanto dirigente da pró-associação de estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa em 1968-69.

Da sua riquíssima actividade de tradutor, iniciada nos anos 1980, respigamos Cervantes, Orwell e Rimbaud.

A vasta  produção ensaística de Miguel Serras Pereira tem sido publicada em diversas revistas e nos livros Outra Coisa. Poesia, Psicanálise e Política (1983); Da Língua de Ninguém à Praça da Palavra (1998); O Poema em Branco (1999) e Exercícios de Cidadania (1999).

A obra poética de Miguel Serras Pereira está representada em revistas, suplementos literários, colectâneas e antologias, e foi publicada em livro, destacando-se os títulos Corça (1982); Todo o Ano (1990); Trinta Embarcações para Regressar Devagar (1993) e O Mar a Bordo do Último Navio (1998).

Participou, ao longo de muitos anos, no colectivo editorial da revista A Ideia, tendo sido seu director no final dos anos 1990.