Zé Mário Pirata: apresentação do CD | sáb. 19/02 · 21h



Lembrar José Mário Branco com uma edição pirata não é um acto de ilegalidade ou nostalgia. É, antes, um acto de resistência e de continuação do seu sonho desrespeitador da propriedade: "As canções para mim são como filhos. São gerados, crescem e depois vão à sua vida. É por isso que eu tenho uma relação bastante radical, também, com essa coisa das autorizações para fazerem coisas com as minhas canções, com o próprio conceito filosófico de Direito de Autor. Tenho as maiores dificuldades em lidar com isso.”

Tendo dificuldades semelhantes, decidimos desafiar uma quantidade de gente a pegar no legado do Zé Mário e a darem-lhe uma roupagem própria. Mais de duas dezenas de artistas/bandas responderam ao desafio. E o resultado foi um CD duplo, extraordinariamente eclético, preenchido por originais que não o são tanto assim – como, vistas as coisas, nenhuma música o é.

Mantendo a coerência, cujas possibilidades sempre procuramos, lançámos esta obra – o Zé Mário Pirata – e demos-lhe o destino que qualquer obra de arte deveria ter: estar disponível para que toda a gente possa usufruir.

Este projecto foi desenvolvido por um colectivo que se aloja numa casa que lhe foi emprestada mas que, mesmo assim, tem contas para pagar. Parte do lucro do Ze Mário Pirata irá, pois, para que esse colectivo se possa manter activo e a ter ideias semelhantes (às vezes piores, é verdade). O restante desse lucro vai para uma coisa que, entre os colectivos libertários do Porto, se chama «Caixa de Resistência», um fundo monetário destinado ao apoio de quem, pelas suas lutas em prol dum mundo melhor, é apanhado pelas garras do aparelho repressivo do Estado.

Apresentação no dia 19 de Fevereiro às 21:00