Cinema Vivo: Filmes Afegãos | 10 e 24 set.

Quinzenalmente às sextas em Setembro: cinemaVivo, Afeganistão.

10/09, 21h - At Five in the Afternoon / Às Cinco da Tarde
de Samira Makhmalbaf (Afeganistão, 2003)

24/09, 21h - Buddha Collapsed Out of Shame / Buda Caiu de Vergonha
de Hana Makhmalbaf (Afeganistão, 2007)

 

<<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>>

Sexta-feira, 10 de Setembro, 21h 

Panj é asr / At Five in the Afternoon / Às Cinco da Tarde

De Samira Makhmalbaf (“Jury Special award”, Festival de Cannes 2013)

Foi o primeiro filme a ser rodado em Kabul, Afeganistão, após a invasão da NATO. O filme, combina ideias do neorealismo com elementos do surrealismo — ou mesmo do “realismo mágico”; uma fusão que se encontra também presente no filme de Mohsen Makhmalbaf (Kandahar 2000), pai de Samira Makhmalbaf.

Panj é asr/ Às Cinco da Tarde conta-nos então a história da jovem Nogreh (Agheleh Rezaie) que, após a queda do regime Talibã no Afeganistão, frequenta uma escola recém-inaugurada e participa de um exercício no qual se discutem as aspirações para um futuro-arcano. Nogreh sonha tornar-se na próxima presidente do Afeganistão. Ao longo desta obra cinematográfica são-nos oferecidas pequenas efígies hodiernas de um país em reconstrução, emergindo de tempestades de devastação após décadas de guerra e conflito.

Um filme sobre esperança e resiliência por entre as ruínas do castelo da História, e mares de burqas azuis alinhavados de sonhos imarcescíveis. Um filme sobre sóis de entardecer na infinitude dos horizontes de vidas sofridas. O resto é morte, entorpecida, afundada por entre as montanhas da saudade…

<<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>><<>>

Sexta-feira, 24 de Setembro, 21h  

Buda as sharm foru rikht / Buddha Collapsed Out of Shame / Buda Caiu de Vergonha

De Hana Makhmalbaf ("Crystal Bear", Festival de Berlim, 2008)

Os Talibãs destroem num vociferar de estilhaços os Budas de Bamyan, duas esculturas homéricas (ca. Século VI EC) que corroboram um pretérito de mosaicos entrelaçados por mundos-lua de Impérios, religiões, gentes. 

Buda Caiu de Vergonha, parte dessa mesma imagem icónica — a destruição das esculturas dos Budas de Bamyan —, para nos conduzir até ao décor natural do filme. 

Bakhtai (Nikbakht Noruz) é uma menina que, tal como muitas outras famílias, habita numa das caves esculpidas em penhascos de arenito nas imediações das agora esventradas estátuas gigantes do Buda, na província de Bamyan, Afeganistão. Bakhtai aspira a alfabetos em cadernos de cores: a escola à qual nunca foi. Esse sonho fará com que lute contra a adversidade pungente, por entre caminhos, serpenteados, que acompanham o rio. Por entre jogos dissimulados de violência, maculados pelos revérberos das reminiscências de guerras que afetam aqueles que são mais vulneráveis: as crianças. No entanto, o sol será o bordo de luz neste labirinto de sombras…

 

texto de Ana Lemos Tomás