Sexta 20 de Setembro, 21:30h
Brasil: guerra colonial, governo da morte e corpos libertos conversa com Jean Tible.
O Brasil no contexto mundial de um acirramento entre formas de autoritarismos e desejos libertários. O novo governo está conectando o país à nova internacional de extrema-direita e promove uma agenda da morte: ampliando a posse de armas, liberando os agrotóxicos e o desmatamento, celebrando massacres policiais, atacando as conquistas sociais e democráticas, produzindo diariamente um discurso de ódio contra professores, activistas, jornalistas, indígenas, anti-racistas, ambientalistas, feministas, pessoas e colectivos fora das normas. Uma contínua guerra colonial agora ainda mais explícita - como se Canudos fosse sendo sempre reencenada. É, no entanto, importante perceber este governo, o seu intuito de destruição e os sectores sociais, políticos e económicos que o apoiam na chave do medo, devido às transformações recentes. Daí as reacções identitárias (branca, masculina, heteronormativa, mas também sentimento de classe) que pululam e os ataques constantes às mudanças dos últimos anos: todo um tecido de vidas, de formas de existir e habitar as vias, vielas, aldeias se formou. Territórios libertos, às vezes mais fugazes, outros mais duradouros – sempre importantes. Marchas, grupos, associações, festas, hortas, ocupações, acções e criações mil constituem a irrupção singular de novas subjectividades preta, LGBTQ+, trabalhadora, periférica, feminista, indígena, múltiplas. Estamos a viver um confronto desigual entre forças de vida e o cinismo do poder oligárquico.
_________________ * JeanTible. Professor de Ciência Política na Universidade de São Paulo. É autor de Marx Selvagem (2013) e co-organizador de Junho: Potência das Ruas e das Redes (Fundação Friedrich Ebert, 2014) e Cartografias da Emergência: Novas Lutas no Brasil (FES, 2015).
|
|
|