vozes, gritos, palavra.

“Que tratado houve que os homens brancos tenham respeitado e o homem vermelho rompido? Nenhum. Que tratado houve que o homem branco alguma vez haja feito connosco e ele tenha respeitado? Nenhum. Quando eu era criança, os Sioux eram senhores do mundo; o sol nascia e punha-se dentro das suas terras e podiam enviar dez mil homens ao combate. Onde estão hoje esses guerreiros? Quem os terá chacinado? E as nossas terras, onde estão? Quem será que as possui? Que homem branco poderá sustentar que eu alguma vez lhe tenha roubado a terra ou um só centavo do seu dinheiro? E apesar disso chamam-me ladrão. Que homem branco, mesmo sozinho, foi alguma vez feito cativo ou insultado por mim? E apesar disso clamam que eu sou um índio ruim. Que homem branco me terá alguma vez visto bêbado? Quem terá alguma vez chegado ao pé de mim com fome e se foi embora sem comer? E alguém me terá visto alguma vez bater nas minhas mulheres ou maltratar os meus filhos? Que lei terei eu quebrado?(...) Acaso será um mal que tenha a pele vermelha? Que seja um sioux? Que tenha nascido onde meu pai viveu? Que morra pelo meu povo e pela minha terra?”

Trecho de Tatanka Iotanka, (ou Touro Sentado), guerreiro sioux, in A Fala do Índio, Fenda, 2000