DO CONFINAMENTO À GRANDE FUGA
Ciclo de leituras e observações
2. O (IM)PODER DO CONFINAMENTO
Victor Segalen e as quimeras na cidade proibida
sexta-feira, 25 de Setembro, 18.00
Leituras e observações de Jorge Leandro Rosa
Já todos ouviram falar do «vírus chinês». Se não estivermos hipnotizados pela infrapolítica dos nossos dias, poderemos escutar aí algo das poéticas do contágio alienígena que afectaram tantos ocidentais, a começar pelo nosso Camilo Pessanha: «– Ser teu companheiro? – / Não sei o caminho. / Eu sou estrangeiro.» Conviria escutar com atenção a geometria destes versos, pois nela perpassa algo da relação imaginária com o Império confinado, seja a de um Segalen, que o abeirou, ou de um Kafka, que o observou pelo telescópio da literatura.
Leremos algumas passagens do René Leys de Segalen. Mas convirá juntar-lhe algumas pitadas do Tchouang-tseu. Wittgenstein, que talvez não conhecesse Segalen, mas certamente conhecia Tchouang-tseu, anotou nos seus papéis que a dificuldade não está em encontrar a solução, mas antes em reconhecer a solução naquilo que aparenta ser apenas a sua premissa. Será este o método de Segalen diante da Cidade Proibida? Será essa a operação propiciada pelo confinamento?