CICLO DE CINEMA: COMUNIDADE
05 MAR «Nós» de Artavazd Pelechian
12 MAR «Vilarinho das Furnas» de António Campos
Nós, de Artavazd Pelechian
União Soviética 1969 ‧ Documentário ‧ 24 min
Imagens de multidões, reencontros, enterros, e peregrinações tomam o tom do todo. Temos também montanhas e explosões que se combinam de forma cíclica e obsessiva como se pessoas, animais e natureza se movessem por uma intensa força telúrica numa irmandade contaminante que produz uma elevada força orgânica. “Nós” termina com um plano de um prédio com pessoas à varanda e o monte Ararat, símbolo bíblico de uma geografia identitária do povo arménio – fica um diálogo entre as imagens, mais uma vez, pelo poder da montagem que abre imediatamente um espaço de reflexão.
Artavazd Pelechian (nascido em 1938) é um cineasta arménio e verdadeira lenda do cinema, detentor de uma obra curta e inclassificável, entre o documentário experimental e um estilo atípico, inscrito numa poética do real fulgurante e reveladora. Foi o grande criador da “montagem à distância”, conceito que tem como base formal e de conteúdo a inscrição da ideia de contraponto e separação projetando as imagens para novas posições e lugares de representação e ‘’sensação’’. A estética de Pelechian insurge-se com uma extraordinária carga expressiva e os seus filmes, na maioria curtas metragens, são normalmente vistos como composições vibrantes entre imagem e som, onde a ausência da palavra permite expandir novos territórios interpretativos. Uma obra concisa, num total de cerca de 13 filmes, a destacar alguns deles: Skizbe (O Início, 1967); Menq (Nós, 1969); Obitateli (Os Habitantes, 1970); Vremena goda (As Estações, 1975); Mer dare (Nosso século, 1983); Verj (Fim, 1992) e Kyanq (Vida, 1993).
…
Vilarinho das Furnas, de António Campos
Portugal 1971 . Documentário . 77 min.
Vilarinho das Furnas viu chegar a hora de sua destruição em 1969. Encolhida na base da Serra Amarela, a vila estava situada entre os rios Homem e Eido. Congelada em um sistema de vida pastoral comunitária, seu único meio de derrotar as condições adversas, a vila desapareceu sob uma camada de água fria e estagnada, que por muitos anos lhe deu vida.
António Campos, cineasta excepcional a que chamaram amador, um dos mais singulares realizadores portugueses pelo modo como filmou o país nas décadas de 1960 e 1970. Considerado um realizador à margem, um solitário, um instintivo, Campos representa a paixão de filmar.
…
Os Índios da Meia Praia, de António da Cunha Telles
Portugal, 1975 . Documentário . 110 min.
A Meia-Praia, comunidade piscatória próxima de Lagos vive com o 25 de Abril de 1974 uma experiência original e exemplar. As velhas casas são substituídas por moradias de pedra erguidas pela população e nasce a esperança de constituição de uma cooperativa de pesca. Surgem dúvidas, contradições, desgaste. Assiste-se ao primeiro acto eleitoral livre. Filmado na linha dos grandes clássicos russos, as personagens ganham uma dignidade e uma nobreza ímpar, iluminados pelo sol do Algarve.
...
Que Estranha Forma de Vida, de Pedro Serra
Portugal/Catalunha 2015 . documentário . 110 min.
Neste documentário serão abordadas formas de vida paralelas à sociedade tal como a conhecemos. Acompanhamos de perto a eco-aldeia de Cabrum, recente comunidade no norte de Portugal; a Cooperativa Integral Catalana, em Barcelona, que pratica a autogestão com moeda própria – o Eco; e por fim, a comunidade auto-sustentável – Tamera – situada em Portugal também, com quase 20 anos de existência, centro de pesquisa para a paz, com filosofia de amor livre, em busca da auto-suficiência. Um biótipo para a cura global de consciência.