Ciclo de cinema: COMUNIDADE | Março/.../Junho 2020


Todas as quintas de Março às 21:30
CICLO DE CINEMA: COMUNIDADE
05 MAR «Nós» de Artavazd Pelechian
12 MAR «Vilarinho das Furnas» de António Campos
19 MAR 11 JUN«Os Índios da Meia Praia» de António da Cunha Telles
26 MAR25 Jun «Que Estranha Forma de Vida» de Pedro Serra



Nós, de Artavazd Pelechian 
União Soviética 1969 ‧ Documentário ‧ 24 min

Imagens de multidões, reencontros, enterros, e peregrinações tomam o tom do todo. Temos também montanhas e explosões que se combinam de forma cíclica e obsessiva como se pessoas, animais e natureza se movessem por uma intensa força telúrica numa irmandade contaminante que produz uma elevada força orgânica. “Nós” termina com um plano de um prédio com pessoas à varanda e o monte Ararat, símbolo bíblico de uma geografia identitária do povo arménio – fica um diálogo entre as imagens, mais uma vez, pelo poder da montagem que abre imediatamente um espaço de reflexão.

Artavazd Pelechian (nascido em 1938) é um cineasta arménio e verdadeira lenda do cinema, detentor de uma obra curta e inclassificável, entre o documentário experimental e um estilo atípico, inscrito numa poética do real fulgurante e reveladora. Foi o grande criador da “montagem à distância”, conceito que tem como base formal e de conteúdo a inscrição da ideia de contraponto e separação projetando as imagens para novas posições e lugares de representação e ‘’sensação’’. A estética de Pelechian insurge-se com uma extraordinária carga expressiva e os seus filmes, na maioria curtas metragens, são normalmente vistos como composições vibrantes entre imagem e som, onde a ausência da palavra permite expandir novos territórios interpretativos. Uma obra concisa, num total de cerca de 13 filmes, a destacar alguns deles: Skizbe (O Início, 1967); Menq (Nós, 1969); Obitateli (Os Habitantes, 1970); Vremena goda (As Estações, 1975); Mer dare (Nosso século, 1983); Verj (Fim, 1992) e Kyanq (Vida, 1993).

Vilarinho das Furnas, de António Campos
Portugal 1971 . Documentário .  77 min.

Vilarinho das Furnas viu chegar a hora de sua destruição em 1969. Encolhida na base da Serra Amarela, a vila estava situada entre os rios Homem e Eido. Congelada em um sistema de vida pastoral comunitária, seu único meio de derrotar as condições adversas, a vila desapareceu sob uma camada de água fria e estagnada, que por muitos anos lhe deu vida.

António Campos, cineasta excepcional a que chamaram amador, um dos mais singulares realizadores portugueses pelo modo como filmou o país nas décadas de 1960 e 1970. Considerado um realizador à margem, um solitário, um instintivo, Campos representa a paixão de filmar.


Os Índios da Meia Praia, de António da Cunha Telles
Portugal, 1975 . Documentário . 110 min.

A Meia-Praia, comunidade piscatória próxima de Lagos vive com o 25 de Abril de 1974 uma experiência original e exemplar. As velhas casas são substituídas por moradias de pedra erguidas pela população e nasce a esperança de constituição de uma cooperativa de pesca. Surgem dúvidas, contradições, desgaste. Assiste-se ao primeiro acto eleitoral livre. Filmado na linha dos grandes clássicos russos, as personagens ganham uma dignidade e uma nobreza ímpar, iluminados pelo sol do Algarve.

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Que Estranha Forma de Vida, de Pedro Serra
Portugal/Catalunha 2015 . documentário . 110 min.

Neste documentário serão abordadas formas de vida paralelas à sociedade tal como a conhecemos. Acompanhamos de perto a eco-aldeia de Cabrum, recente comunidade no norte de Portugal; a Cooperativa Integral Catalana, em Barcelona, que pratica a autogestão com moeda própria – o Eco; e por fim, a comunidade auto-sustentável – Tamera – situada em Portugal também, com quase 20 anos de existência, centro de pesquisa para a paz, com filosofia de amor livre, em busca da auto-suficiência. Um biótipo para a cura global de consciência.