“Os girassóis levantam: as raízes desprendem-se da terra molhada, devagar, os caules mensageiros de luz procuram a fonte de luz. de dia, os homens veem os girassóis subirem de noite os homens veem os girassóis subirem de uns pulmões aos outros: a respiração dos homens que os veem subir A terra ainda molhada e quente que ficou para trás: trocada por uma nova sedução o Sol chama-os e agora vão beber a luz de mais perto de noite, na subida, parecem balões de papel a respiração dos girassóis e a respiração dos homens olham para o céu: das janelas, das varandas, das ruas, das praças parecem espermatozoides de fogo na foto de um satélite da Google os girassóis a subirem vão fecundar a estrela: a fonte, o núcleo”
in O Núcleo, Nuno Brito
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