Assim, para além do ensaísta, do poeta e do romancista, convidamos também o não-violento, o libertário, que é há mais de uma década o director da revista libertária "A Ideia", e o cultor multiforme da criatividade do sonho.
António Cândido Valeriano Cabrita Franco, que assina António Cândido Franco, nasceu em Lisboa em 1956 e cresceu num dos mais vetustos bairros da cidade, a Graça. Aos sete anos foi aluno de Alice Gomes e doze anos depois foi aluno de José Gabriel Pereira Bastos, o único professor da Faculdade de Letras de Lisboa que o marcou. Começou por se dedicar ao estudo dos autores que fizeram o movimento da Renascença Portuguesa (1912-1932) para se dedicar depois aos do surrealismo em Portugal. Os trabalhos que fez sobre Teixeira de Pascoaes tiveram como preocupação destacar a relação privilegiada deste poeta com o surrealismo português.
Responsabilizou-se pela edição de autores como Fialho de Almeida, Teixeira de Pascoaes, Mário Beirão, Jaime Cortesão, João Lúcio, Américo Durão, Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Luiz Pacheco e António José Forte. Escreveu biografias de Agostinho da Silva (2015), de Mário Cesariny (2019) e de Luiz Pacheco (2023). Escreveu ainda alguma poesia, algum teatro (este sobre Florbela Espanca) e alguns romances históricos sobre as figuras trágicas da história portuguesa. Escreve desde 1979 na revista de “cultura libertária” A Ideia, que se publica desde 1974, e que passou a coordenar, editar e dirigir (por força da lei) em 2012. Nesta revista colaborou ainda toda a velha guarda sobrevivente do anarco-sindicalismo da primeira República (Emídio Santana, José Francisco, Francisco Quintal, Artur Modesto, Reis Sequeira, José de Brito, Moisés Silva Ramos e outros) e nela estiveram ainda presentes alguns dos que deram corpo ao surrealismo português (Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Mário Botas e outros).
Há mais de quatro décadas que está ligado ao ensino público, sobretudo na universidade de Évora, onde se esforça por desaprender muito do que lhe ensinaram.