João Alexandre Lopes regressa ao Gato Vadio para a apresentação do seu novo livro de poesia, Porta dos Fogos. É a segunda vez que este poeta vem ao Gato, sinal dessa cumplicidade que o nosso espaço livreiro pretende estabelecer com os que nele se apresentam sob a forma de livro. Com ele vêm a Volta d' Mar e o seu editor, Mário Galego. Esta editora, dedicada à poesia que se faz por cá, é uma das experiências editoriais mais consistentes naquilo que muitos consideram ser um nicho editorial, mas que é sempre o espaço privilegiado das experiências orientadas para a singularidade viva das vozes que publica.
O Gato Vadio recebe, pois, a trindade da voz poética: o autor, João Lopes, o editor, Mário Galego, e a leitora, a declamadora, como era usual dizer, Paula Rebelo. Nestas circunstâncias, e embora o livro de João Alexandre Lopes seja o centro das atenções, teremos a oportunidade para conhecermos algo mais sobre os caminhos da edição de poesia em Portugal, a sua existência no trapézio, a sua independência aérea. Tanto mais que o próprio programa editorial da Volta d' Mar se apresenta assim: «A volta d’ mar não tem um estatuto editorial, mas tem definidas as regras com que surge no mercado: um projecto sem fins lucrativos, o produto da venda de uma edição paga a próxima. Enquanto a poesia se vender em livro, haverá editora. Quando não se vender, não haverá novas edições. Os livros não estão disponíveis nas grandes livrarias ou superfícies comerciais, mas sim, nos lugares onde se ouvem poemas, onde se vendem livros de poesia e na internet. Assume a independência como razão para existir. E publicam-se os livros que se gostam.»