As presidenciais e a democracia
O texto semi-clean:
191 mil votos Brancos (4,3%)
81 mil votos nulos (1,9%)
A abstenção ficou nos 53,37%.
E o grande vencedor das eleições presidenciais de domingo vai receber 1,92 milhões de euros de subvenção estatal.
Sempre podemos escrever um poema, ao bom estilo pós-moderno:
Era interminável a fila
nessa tarde de domigo que perdemos
entre tremoços e a cruz
torna-se mais fácil a escolha
e as frieiras da eleitora nº 3273
comoviam a mais fria das cervejas.
Ou, criativamente, não dizer nada (por distracção, às vezes, até dizem barbaridades) como nos jornais de referência:
A democracia está em crise. Houve falhas no sistema. O líder do CDS pede a demissão do Ministro da Administração Interna. O Director-geral da Administração Interna demitiu-se. O líder do [a preencher pelo leitor] declarou que “a ordem democrática foi reposta”.
E que tal, história-comparada:
Milhares de tunisinos saíram à rua em revolta no mesmo dia em que dezenas de bloggers críticos acompanharam o resultado das eleições.
Ou, escrever isto:
Temos tanta fé na lógica dos argumentos do poder oficial que acabamos sempre por cair na tentação de examinar e desmontar essa lógica e o seu discurso. Como se o domínio do poder central, a sua extensão e iniquidade das suas práticas, a sua inextricável apetência anti-democrática, a mentira que gera e que o faz sobreviver, não estivesse lá, no seu próprio reduto, independentemente da caravana fúnebre das urnas e do discurso com que o poder se auto-descreve e nos engana. A democracia representativa não está a saque: é o saque. [Vadio, não se pode estragar a festa dessa maneira! – Mas, Gato, não é assim mesmo? – Vadio, ouve, ó pá, há verdades inconvenientes, sabes que assim só aparecem 10 gatos pingados aqui na livraria, vai com calma… embrulha a coisa, faz charme, escreve coisas bonitas meu…
– Gato, queres ronrom!]
Nesse caso…:
Com uma ronronada
Acabe com a cavacada! [piroseira!]
Ou melhor, reclame, pub [com blink a ACL]:
Xanax em supositório! (Novidade, válido até 2016) para acabar com a sua obstipação política!
Ou, melhor, olha-me esta:
E se não fizéssemos nada? Já viste a cena que era? Fodasse, grande ideia, meu… do caralhão… nunca tinha pensado nisso.