“A liberdade absoluta em matéria de arte, sendo esta, como é, algo de particular, está em contradição com o perene estado de falta de liberdade da totalidade social”, Adorno.
A Instalação “Tá-Se” foi concebida intencionalmente para ser projectada na montra da livraria Gato Vadio, (11, 12 e 13 de Dezembro de 2009, Porto) durante 3 dias. Além da perturbação provocada pelo vídeo, foi colocada uma coluna de som no exterior de forma a amotinar a ordem acústica geral, o silêncio acrítico do quotidiano e a linguagem de resignação e de impotência, própria da aceitação passiva das coisas. Os passantes não só não podiam evitar observar o vídeo, como eram ainda convidados a acrescentar o seu nome a duas listas coladas na montra: a lista dos insurgentes (em branco) e a lista de oprimidos passivos, com uma sequência infindável de nomes e números de contribuinte que terminavam dentro dum balde de lixo debruado a “ouro”.
Ainda na ressaca da passagem de ano e no contexto de abertura de uma nova década, convidamos os amigos e amigas do Gato Vadio a verem o vídeo “Tá-Se”, agora disponível no You Tube.
Qualquer eficácia que a intervenção da dupla Vadia tenha tido, ressalvamos que ela perde a sua efectividade original ao ser simplesmente assimilada no seu monitor LCD.
A organização Estrutura recebeu entretanto o convite para participar na mesa-comum, iniciativa que integra vários colectivos, como a Gato Vadio, a Plataforma pela Economia Social e Solidária, a Terra Viva, o MPDP (Movimento Popular de Desempregad@s e Precári@s), etc.
A mesa-comum visa articular em conversas informais vários espaços críticos e/ou de intervenção social de forma a estabelecer pontes entre diferentes realidades sociais da cidade do Porto.