Koyaanisqatsi
Filme experimental
Sexta-feira, dia 8 de Maio, 22h30
Gato Vadio
Entrada Livre
Costumamos percepcionar o nosso mundo, o nosso modo de vida, como belo porque não existe nada mais para percepcionar.Criado entre 1975 e 1982, Koyaanisqatsi é uma romântica e apocalíptica visão da colisão de dois mundos diferentes, a vida urbana e tecnológica versus a natureza.Ao vivermos atolados pelo mundo globalizado da alta tecnologia, o que vemos é um layer de mercadorias empilhadas umas sobre as outras. Neste tempo, o "original" é a proliferação do estandardizado. Cópias são cópias de cópias. A vida na cidade, envolvida no simulacro, na repetição e no cliché.Parece não haver habilidade para ver além, para ver que nos incorporamos num meio ambiente artificial que notavelmente substituiu o original, a própria natureza. Já não vivemos com a natureza, perdemos a harmonia com ela, sob a pressão das inovações tecnológicas que tornam o nosso quotidiano cada vez mais rápido e sufocante, absorvendo no vácuo o nosso tempo ontológico.
Ou mais dramático ainda, vivemos acima da natureza, num layer cibernético, como se a própria natureza que resta fosse esse layer. Iniciando com uma pintura rupestre, o filme move-se através de sequências de paisagens, nuvens, ondas, cordilheiras, desertos, imagens manipuladas em slow motion, dupla exposição ou time-lapse, justapostas com filmagens do impacto da devastação ambiental provocada pelo ser humano no planeta, paisagens descaracterizadas pela humanização, pela industrialização e seus edifícios, estradas, máquinas de (des)construção e carros.
(texto de Hernâni Pessoa)
A palavra koyaanisqatsi tem origem na língua Hopi e quer dizer "vida desequilibrada", "vida louca", tumultuada, em desintegração; ou ainda, significa a existência que clama por outro modo de vida. Esta mensagem envolve-se nos trechos sonoros onde são repercutidos cânticos de três grandes profecias do povo indígena Hopi :
1 - Se escavarmos coisas preciosas da terra, estaremos a atrair o desastre;2 - Perto do dia da purificação, haverá teias de aranha de um lado a outro do céu;3 - Um recipiente de cinzas poderá um dia cair do céu, queimar a terra e agitar os oceanos.
KoyaanisqatsiGodfrey Reggio, 1982Dur. 87 min
Para os amantes de Baraka (1992, Godfrey Reggio), Koyaanisqatsi é imperdível. Num logradouro perto de si! Sem pipocas, mas com milho e alpista!