São Martinho, Timor, Jorge Fallorca e Joseph Beuys

Se o vadio não erra o caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho.

Magustianos vadios, amantes das capicuas, a partir de 11 11 11 celebremos o São Martinho.

Ao longo do fim de semana, quentes e boas sempre a sair, começamos com Timor e veremos um filminho!

Depois vêm as leituras, jeropiga e água-pé, "A Mulher Descalça" de Fallorca promete pasmar o vizinho.

De Beuys, "Cada Homem um Artista" fechará com ritual: haverá queimada e conjuro, caldo verde, pão e vinho.

Verão de São Martinho são três dias e mais um bocadinho.

Balibo de Robert Connoly
Filme (2009)
Sexta, 11-11-11, 22h

Era ainda noite em Portugal, quando a 12 de Novembro de 1991 mais de duas mil pessoas reuniram-se numa marcha até ao cemitério de Santa Cruz, em Díli, para prestarem homenagem ao jovem Sebastião Gomes, morto em Outubro do mesmo ano. Vinte anos depois do Massacre de Santa Cruz, são velas nas bermas das ruas que carpem os disparos das forças indonésias sobre a multidão. Doze anos depois dos meses sangrentos de 99 que se seguiram ao referendo, "nesta terra de cruzes, valas comuns e desaparecidos", falta "devolver os ossos ao apaziguamento dos vivos."Duzentos mil mortos depois de uma ocupação de 24 anos, "a injustiça e a impunidade são valores seguros em Timor-Leste".(Timor Leste A Ilha Insustentável, Pedro Rosa Mendes, Público - 25/11/2008)
A projecção de BALIBO é um pretexto para o tributo ao movimento libertário do povo maubere: um thriller político sobre história verídica de outros crimes, cometidos enquanto a Indonésia se preparava para invadir o território em 1975, e encobertos durante mais de 30 anos.

A Mulher Descalça de Jorge Fallorca
Lançamento com o autor e Cláudia Sousa Dias
Sábado, 12 de Nov., 17h

Jorge FALLORCA é escritor, tradutor e autor do blogue «O cheiro dos Livros». Natural de Mortágua, exerceu ainda jornalismo e teve uma intensa actividade profissional na rádio tendo participado em programas que fizeram história. Autor de uma escrita impregnada de um quotidiano desencantado e dissidente da massa, Fallorca é pela sua singularidade iconoclasta uma voz libertina nesta choldra em que pastamos. A propósito dele, escreveu Vítor Silva Tavares no prefácio ao seu livro «Imitação da Morte dos Outros»:

«(...) Vamos, palavra
faz de conta que te espreitam paraísos
e o dobrar da vírgula
estrada fora.

Pra já pra já
o lápis na braguilha
os cornos no retarto
- resposta de papel
ao vómito e ao uivo

B A BASTA!
desterremos estes olhos
abjectos dejectos

Virgem putíssima
a Paisagem Deslumbrante
escancara a vulva
à brigada internacional
das Novas Visões.

Jorge Fallorca
aturdido
VEM-SE.»

Cada Homem um Artista de Joseph Beuys
Apresentação por Júlio do Carmo Gomes
Domingo, 13 de Nov., 17h

“Não existe nenhuma experiência que permita saber que argumentos restam ao sistema frente a um modelo radical de liberdade”, Beuys

Figura central da consciência artística na Europa do pós-guerra, a obra de Beuys (1921-1986) tornou-se numa permanente “instalação verbal”, fulcro da sua desdobragem enquanto activista, pensador e professor itinerante (o fluxo beuysiano levou-o a fundar a Universidade Livre Internacional, a Organização para a Democracia Directa ou os Verdes), e rastilho incontornável da sua figura controversa e prometeica. Poucos artistas no século XX rivalizaram Beuys na ruptura estética, na amplitude artística e na contínua experimentação do seu inusitado processo de expressão artística enquanto escultor, performer, pedagogo, pensador radical e activista social.

Esgotada a primeira edição, a 7 Nós volta a trazer aos leitores o percurso ímpar de Joseph Beuys.