Querido público,


O Público voltou a atacar. Desta vez, na edição de segunda-feira (9 de Fevereiro) a propósito de um problema profundo que corrói a cidade do Porto. O artigo em causa fervilha de originalidade e pertinência, logo a abrir com o título a dar ênfase à excepcionalidade: “O local [rua do Rosário, Porto] onde o comércio tradicional convive pacificamente com propostas alternativas”. De supetão!, ficámos alarmados!, pois não tínhamos conhecimento da guerra aberta travada nos quarteirões vizinhos entre o ditoso comércio tradicional e o benquisto comércio alternativo. E receosos, muito acagaçados mesmo, já que a partir de agora passámos a temer que o magarefe do talho da frente nos atinja com um bife do vazio na cachimónia.





Mas passemos ao parágrafo onde fomos enfaixados e ao remate final do repórter, a instigar à fobia: “Se politicamente se situa à direita, não chegue nem perto.” Frase que contribui para alimentar a psicose geral vivida na cidade do Porto e baldios (passe a redundância…) e, grosseiramente, para afastar do nosso redil uma caça tão apetecível ao nosso instinto felino – pressurosos, vamos ainda instruir um processo de indemnização ao ministério do Público por danos colaterais ao negócio.

Talvez amedrontado por causa da pedra que simbolicamente esteve na montra durante as semanas de bombardeamentos do Estado de Israel aos territórios da Palestina – era vê-los a fugir a sete pés pela pacífica rua do Rosário assustados pela inócua dissidência da Intifada Vadia –, talvez insultado pela Gato Vadio promover sessões de documentários e filmes sem meios nenhuns enquanto ao fundo da rua o Cineclube ganha bolor – o tal da “longa história” como lembra o jornalista na sua peça sem lhe ocorrer perguntar o que é que faz um Cineclube com uma “longa história” e que não mexe uma palha durante anos… –, talvez por isso, talvez, o jornalista prefira dedicar-se às metragens de curta-vista.

E para prestarmos um serviço informativo às massas, julgamos que a “direita” não se sentirá tão mal ao rondar o gatil, como uma (in)certa “esquerda”, bem mais esdrúxula, original e excepcional, como o artigo deste jornal. É tudo quanto à situação. Esquerda, direita, marchar! E que o maniqueísmo fique à porta.

Os Vadios, 14 de Fevereiro de 2009.