Lutas Estudantis

 

"Podemos afirmar, sem grande risco de erro, que o estudante [...] é, depois do polícia e do padre, o ser mais universalmente desprezado"

                                               Guy Debord

 

"A educação é uma coisa admirável, mas é bom recordar que nada do que vale a pena saber pode ser ensinado."

Óscar Wilde

 

O Maio de 68 em França, 1969 em Coimbra contra o fascismo e a guerra colonial, ou nos E.U.A. a propósito da Guerra do Vietname, são alguns dos muitos exemplos, ao longo da história recente, do envolvimento de estudantes em lutas contra o poder e a autoridade, ora combatendo por direitos seus, ora entregando-se a causas socialmente mais amplas. Mas, num momento da vida portuguesa em que o conflito social atinge uma intensidade como há muito não se via, o que faz grande parte d@s estudantes? Entretém-se com rituais de poder e humilhação, brincadeiras estúpidas a que pomposamente chamam praxe e tradição académicas e que, ao fim ao cabo, não passam de um refúgio num presente irrealmente vivido. Contentam-se, portanto, em continuar a chegar tarde demais a tudo.

Os prestígios ilusórios que decoram o seu pobre quotidiano estudantil em breve terão de ser arrumados num caixote em casa da mãe. O capitalismo exigir-lhes-á que cumpram a sua função na passividade generalizada, perdão no centro comercial, e o futuro, facilmente se pressente, apresentará um carácter miserável que nunca compensará o presente que dócil e irresponsavelmente aceitam desperdiçar.

Por isso perguntamos, será que faz sentido divulgar e reflectir sobre outras formas de estar na Academia, sobre os momentos em que ser estudante foi sinónimo de crítica social e vanguarda artística, de arrojo, exuberância e coragem, de luta e de solidariedade? Ora, adivinhem...

 

5ª feira, 20 de Outubro, às 22 horas

Berkeley in the Sixties (1990)

Legendas em Inglês

Realização:  Mark Kitchell

Com: Jentri Anders, Joan Baez and Frank Bardacke

 

Os antigos alunos do Campus de Berkeley (California) contam como a calma escola se tornou palco de um intenso activismo político por parte dos estudantes lutando pelo direito político de expressão no Campus Universitário e contra a guerra do Vietname.

 

Sábado, 22 de Outubro, às 22horas

A luta na Faculdade de Psicologia do Porto em 1977 - Debate                                 

Durante o primeiro Governo Constitucional (1976 a 1978) chefiado por Mário Soares, o Ministro da Educação Sottomayor Cardia, após ter criado pela primeira vez o numerus clausus, decide obrigar alunos e alunas, de alguns cursos, que já tinham completado o 1º ano da Universidade a serem submetidos novamente a esse processo de seriação e selecção. Os alunos e alunas de Psicologia do Porto (1977) insurgem-se contra esta medida e manifestam-se contra os exames marcados, fazendo greve. Após diversas tentativas goradas, estes acabam por ser marcados para o Governo Civil. Toda a Academia se reúne em manifestação na Praça da Batalha e um colega é preso após confrontos com a polícia de choque. O seu julgamento dá azo a novos confrontos. Contudo, Sottomayor Cardia não levou a sua avante. Nos dois anos seguintes @s estudantes de Psicologia continuam as suas reivindicações, ocupando a reitoria da Universidade do Porto e saneando diversos professores.

 

É uma história que não está documentada e que só existe na memória (já meio difusa) daqueles que viveram essa época. No actual momento histórico importa fazer história e lembrar o poder das multidões unidas por uma causa.

 

Domingo, 23 de Outubro, às 18 horas

Kent State (1981)

Realização: James Golstone

 

 

Baseado na história veridical dos protestos estudantis na Universidade de Kent State em Ohio. Este filme foca-se em 4 estudantes que foram mortos quando a Guarda Nacional tentou acalmar os motins que começaram em 04 de maio de 1970, depois que o presidente Nixon anunciar que as tropas americanas começariam a bombardear o Camboja, país até então neutro.

 

e ainda no Sábado, mas às 17 horas

Apresentação do livro "Espantalhos", de Oliverio Girondo.

 

"ESPANTALHOS", de Oliverio Girondo, um dos grandes clássicos da literatura argentina do século XX, já está disponível em português, numa edição da Língua Morta, e com tradução de Rui Manuel Amaral.

Leituras por Carlonia Lapa, António Pedro Pombo, Nuno Corvacho, Rui Loureiro, António Pedro Ribeiro, Isabel Rocha, Ana Ribeiro e Sandra Rolão.